domingo, 19 de julho de 2009

Análise de Livros Didáticos


Através desta pesquisa realizada na internet, tenho por objetivo acrescentar o nosso discurso sobre os livros-texto, que por sua vez devem ser analisados à medida que podem apresentar conhecimentos estereotipados e mensagens implícitas que contribuem para a exclusão de grupos, além de não estimular a reflexão e criticidade nos educandos.

Exercício de análise de livros didáticos
NO Projeto-Piloto de Inovação Curricular
e Capacitação de Educadores NO ESPÍRITO SANTO

Haroldo Lúcio de Castro Barros (FM); Penha Souza Silva (PG);
Marciana Almendro David (PG)
Colégio Técnico do Centro Pedagógico da Faculdade de Educação
e Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais
Palavras-chave: prática reflexiva, livro didático, formação de professores

Introdução
O livro didático de química, no contexto da educação brasileira, tem sido o principal - quando não o único - instrumento de que os professores de química e seus alunos dispõem para o desenvolvimento das atividades de ensino e de aprendizagem formal dessa disciplina. A grande quantidade de títulos disponíveis no mercado que, por um lado, proporciona ao professor mais opções de escolha, por outro aumenta-lhe a responsabilidade. É, portanto, importante que a escolha do livro didático seja feita de forma criteriosa e fundamentada na competência dos professores que, juntos com os alunos, vão fazer dele um instrumento de trabalho.
Um exercício de análise de livros didáticos foi uma das atividades iniciais efetuadas pelos professores participantes do Projeto-Piloto de Inovação Curricular e Capacitação de Educadores do Estado do Espírito Santo. O Projeto Piloto é a primeira ação da Escola Jovem - Subprograma de Melhoria e Expansão do Ensino Médio, programa criado pelo Governo do Estado do Espírito Santo segundo diretrizes estabelecidas pelo MEC.
De modo amplo, esse exercício de análise de textos insere-se no processo de desenvolvimento profissional dos professores - um dos objetivos do programa. Mais especificamente, a análise, que obedeceu a critérios discutidos abaixo, exigia que os professores apontassem características desejáveis e indesejáveis nos textos - processo que poderia contribuir para torná-los mais críticos na escolha dos textos a serem adotados em suas escolas e, simultaneamente, menos dependentes desse instrumento didático. Ademais, além de exercitarem-se no processo de avaliação de textos específicos, essa seria uma oportunidade propiciada a cada professor para uma reflexão sobre ensino, aprendizagem, conhecimento químico, etc.
Os critérios de análise
O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) ainda não estabeleceu critérios oficiais para a avaliação de livros didáticos destinados ao Ensino Médio. Inspirados no documento de Filocre et al., que subsidiou a avaliação dos livros didáticos do Ensino Fundamental feita pela Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais, os autores deste trabalho elaboraram um Manual de Orientação para Avaliação de Livros Didáticos de Química. Foram estabelecidos critérios considerados básicos - alguns gerais, que se aplicam para a avaliação de quaisquer livros didáticos, outros que se aplicam a livros de ciências em geral e, finalmente, os critérios específicos para os livros de química.
As principais características que foram propostas para serem analisadas em um livro didático são: a legibilidade gráfica; os valores e as atitudes veiculados no texto; a adequação ao perfil do leitor; a adequação das abordagens usadas pelo autor e as referências e fontes utilizadas. Essas características devem ser observadas na apresentação do livro, no texto propriamente dito, nas ilustrações e nas atividades propostas.
Os professores formaram grupos de no máximo 5 participantes para executarem o trabalho de análise dos livro didáticos. Foram apresentados aos professores alguns livros, entre os quais alguns bastante conhecidos e outros desconhecidos pela maioria. Cada grupo escolheu um livro para proceder a análise. Devido ao pouco tempo disponível, os critérios gerais do modelo proposto pela equipe foram aplicados ao livro inteiro, porém uma análise um pouco mais cuidadosa dos aspectos químicos foi feita apenas de um capítulo ou de um tópico. Após uma leitura preliminar do livro e da discussão dos grupos, esses apresentaram as suas impressões para os outros colegas e ainda entregaram um relatório contendo uma síntese sobre aquele livro. Aquela foi uma oportunidade para que todos os 52 professores participantes pudessem ouvir dos seus próprios colegas impressões sobre os livros. Nesse trabalho, pôde-se observar que muitos professores se surpreenderam com a observação de algumas particularidades dos livros que eles já usavam e que nunca tinham percebido.
Resultados e conclusões
Durante a execução da tarefa, pudemos observar que os professores, inicialmente, limitaram-se apenas a uma aplicação mecânica dos critérios propostos, com a marcação de sim e de não. No decorrer do trabalho, entretanto, pôde-se perceber maior envolvimento e discussões mais aprofundadas, que os levaram a conclusões que puderam ser percebidas em suas falas, tais como: “... por serem conteudistas, as atividades não apresentam um outro objetivo a não ser a memorização dos conceitos” ou “ ... pequena diversificação de atividades para o aprendizado da química como disciplina integrante do meio social”.
Entre as características apontadas pelos professores, podemos citar: quanto aos aspectos gerais, a maioria dos livros apresenta boa legibilidade gráfica; o texto não contribui para o desenvolvimento da autonomia, da crítica, da cooperação e do comprometimento social; falta de contextualização, inadequação da linguagem ao perfil dos alunos, atividades desvinculadas do desenvolvimento de competências e de habilidades, atividades destinadas à memorização dos conteúdos.
Pode-se ainda acrescentar a decepção de muitos participantes ao concluírem que muitos livros até então considerados “bons” não apresentavam a maioria das características apontadas como desejáveis pelo Manual.
Contrastando com essas características desejáveis, o que os professores observaram é que os livros didáticos de química, freqüentemente, contêm apenas textos informativos, aos quais se seguem atividades e exercícios. Algumas vezes, fazem alusão ao contexto de vida dos estudantes, mais para ilustrar a informação do que para tratar dos conceitos que emergem daqueles contextos. Esses livros limitam-se, portanto, a textos informativos, ilustrações, diagramas, tabelas, fórmulas e equações, a partir dos quais é possível o desenvolvimento das atividades e dos exercícios propostos que, supostamente, favorecem a aprendizagem de certos conceitos sem, entretanto, avançar para uma formação mais ampla do estudante.


Bibliografia
MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Brasília, DF,1999.
BARROS, Haroldo L. C., ALMENDRO, Marciana D., SILVA, Penha Souza. Manual de Orientação para Avaliação de Livros Didáticos de Química, SEE/ES, 1999.

Apresentação final: processo de construção e elaboração.

Bem, aqui termina o meu processo de construção do conhecimento por meio de portifólio eletrônico, o qual sem dúvida posso dizer que contribuiu bastante para o meu processo de formação acadêmica.
No início tive dificuldades para entender a proposta do professor, que não havia ficado muito claro para mim, porém em decorrência de seus comentários aos poucos fui começando a entender melhor o que de fato era este portifólio e como deveria ser a sua construção.
Assim sendo posso dizer que de fato o meu conhecimento se deu de forma gradativa, porém irei destacar o que tínhamos por objetivo e foi alcançado nesse processo de aprendizado e o que é utópico.
De fato o conhecimento ocorre de forma gradual, na medida que somos desafiados a refletir a cada texto e postá-lo, no final podemos perceber que eles se completam e são organizados na nossa mente.
Porém à medida que somos aconselhados a escrever não da forma que compreendemos, mas da forma que o texto quis passar, não consigo evidenciar autonomia e nem ao menos evidenciar o que de fato foi significativo ou não para mim no texto, uma vez que não é a minha conclusão a respeito da leitura, mas, uma síntese dos textos.
Claro que dentro dessas sínteses exponho comentários, mas se não apresentar o conteúdo completo e profundo do texto sou convocada a acrescentar. Parece-me que não devemos escrever do modo ao qual queremos, mas sim do modo o qual o professor quer que escrevamos. Por esta razão acredito que deixou a desejar um pouco no requisito autonomia.
Outro requisito que ficou a desejar foi o acompanhamento dos blogs por parte do professor, mas esse dá para relevar à medida que ele teve “n” blogs para visitar então ficou difícil obter um controle maior, sendo assim às vezes perto da socialização ficávamos sabendo que deveríamos atualizar vários textos.
Porém o portifólio me acrescentou muito, como já foi mencionado, hoje percebo maior facilidade e autonomia para escrever uma resenha nas outras disciplinas e expor a minha opinião.
Em relação aos propósitos gerais e aos descritores posso dizer que cumpri todos, claro que o uso de múltiplas ferramentas tecnológicas sempre há o que aprender, em relação a prazos não fui precisa, mas tudo que me foi proposto consta no meu blog além de todo mês apresentar uma ou mais reflexão, mas de uma forma geral busquei cumprir todos os requisitos necessários.
Agora o meu objetivo específico tenho orgulho em dizer que alcancei, como já foi dito ampliei a minha criticidade, autocrítica e de fato construí o meu conhecimento em processos além de ter sido sujeito ativo, hoje me sinto mais segura para redigir e dissertar um texto.

Síntese conclusiva

Mediante tudo que foi postado nesses últimos meses, que por sinal por pouco não tive uma overdose de “currículo”, concluo que o papel do professor na construção do saber dos educandos não deve ser superficial e estereotipado, mas este deve assumir uma postura ativa, crítica e reflexiva a respeito de sua prática.
No texto de Libâneo pude perceber que o professor não é o único responsável pelo fracasso escolar, mas sim que este fracasso é provocado por um conjunto complexo de fatores.
Desse modo este autor sugere algumas soluções denominadas por ele de apostas entre as quais ele destaca a formação continuada, teorias educacionais voltadas para a prática do docente, enfim a educação deve atender as necessidades do mundo contemporâneo e sendo assim o professor deve tornar-se cada vez mais culto, crítico e reflexivo.
Já no texto de Antonio Flávio Barbosa e Vera Maria Candau, descobri que através do currículo podem ser transmitidas mensagens ocultas, ou seja, pode-se reforçar e estimular preconceitos, uma vez que o currículo é visto como formador de identidades culturais e sociais. Desse modo faz-se necessário à inclusão de diversas manifestações culturais de modo a não privilegiar uma em oposição à outra.
Na série de textos de Gimeno Sacristan, observei que o currículo é algo mais que conteúdo intelectual, assim sendo deve está articulado com o contexto social dos educandos de modo a possuir maior significado, além de ser pensado sempre com a concepção de cidadão que se pretende formar.
Porém os livros textos que são utilizados nas salas de aula são elaborados por agentes externos a prática docente o que ocasiona uma desarticulação com as necessidades da turma e obriga-os a enquadrarem-se neste planejamento, muitas das vezes, planejamento este que não apresenta relação com a realidade.
Sendo o livro texto elaborado para todas as disciplinas ocasiona a alienação dos professores uma vez que se tornam meros reprodutores desses conteúdos.
Porém o autor não vem sugerir a eliminação do livro, uma vez que este pode contribuir com o professor, contudo cabe ao professor ir para além dos conteúdos apresentados e propostos pelo livro.
Sendo o professor o responsável por interpretar os conteúdos que serão transmitidos na prática ele deve assumir uma postura de criador e transformador, buscando sempre novas estratégias para facilitar a compreensão e adequação aos seus alunos, de modo a tornar o processo de ensino/aprendizem mais dinâmico e eficiente, além de alcançar maior motivação por parte dos seus alunos.

O Currículo Modelado pelos Professores

Neste texto, o autor vem propor maior autonomia por parte dos professores na elaboração de seus planos de aula, de forma a intervir no processo de aprendizagem do educando de modo ativo.
Para que isso ocorra é necessário que o docente venha aprimorar-se nos conhecimentos de modo a possuir domínio de diversas áreas, visto que para o professor ser reconhecido é preciso possuir ampla bagagem de conhecimento.
O professor deve criar mecanismos de emancipação ao invés de entrar no jogo político pedagógico da escolarização, ou seja, deve utilizar estratégias adequadas para atender as especificidades de cada educando e da comunidade a qual a escola está inserida. Uma vez que o professor é o mais indicado à medida que este é quem conhece a sua turma, sendo assim através do seu planejamento ele deve buscar a emancipação.
O professor não deve ser um executor acrítico, mas deve tornar-se um criador e questionador buscando refletir sempre sobre a sua prática.
Porém ao interpretar e dar significado ao currículo na prática, o professor possui um certo nível de autonomia, visto que o currículo prescrito pode sofrer alteração, uma vez que cabe ao professor selecionar os conteúdos, a forma de transmiti-los, além dos recursos a serem utilizados, dando desse modo um caráter pessoal ao ensino, intervindo na proposta do currículo.
O professor, porém deve assumir uma postura de professor transformador, uma vez que deve buscar elaborar os conteúdos pedagógicos de modo a relaciona-los e adequá-los a seus alunos.
Mas para que isso ocorra faz-se necessário que o professor possua domínio de diversos conteúdos, uma vez que o auxiliará na elaboração de critérios de saberes, ao invés de possuir um único meio empobrecido do conhecimento.
Cabe ao professor analisar e apresentar uma postura crítica em relação ao livro texto, relacionado com a clientela a qual vai atender.
Desse modo conclui-se que sendo o professor responsável na prática pelo o que será ensinado através de seu planejamento e de suas concepções do que é, e deve ser a educação, ele deve assumir um papel de transformador reflexivo, o que é mais favorável quando um só professor é o responsável por lecionar todas as áreas do currículo uma vez que isso lhe assegura maior autonomia.

sábado, 18 de julho de 2009

O Currículo Apresentado aos Professores

Ao refletir sobre o texto de Gimeno Sacristán pude perceber que as teorias atuais que propõem autonomia para o professor devem elaborar alternativas voltadas para a prática de modo que sejam mais eficientes, visto que as atuais condições de trabalho do professor não favorecem sua iniciativa, uma vez que, são encontradas diversas dificuldades.
Desse modo os professores tornam-se meros reprodutores de conteúdos sem questiona-los e avalia-los.
Assim sendo o livro-texto torna-se uma espécie de bengala à medida que lhes transmite mais segurança e direciona sua aula tornando o professor dependente deste recurso.
Além de possuir interesses econômicos o livro texto tem função de controlar e padronizar o que será transmitida a sociedade.
Porém todo conteúdo do currículo está contido nesses livros texto o que por sua vez torna os conhecimentos estereotipados e deficientes, à medida que são ultrapassados todos os anos tornando-se resumos esquemáticos e informações descontextualizadas.
Sendo o conteúdo pré-estabelecido elaborado para todas as disciplinas, ou seja, um material pronto, ocasiona a alienação do professor à medida que este não faz o menor esforço para a elaboração do seu planejamento.
Desse modo o currículo é traduzido por agentes externos a prática docente cabendo aos professores somente apresentar o produto aos alunos, desprofissionalizando os educadores.
A divisão de funções na tradução do currículo para a prática implica na divisão do conhecimento. Assim sendo, a capacidade intelectual, cultural e pedagógica dos professores deve ser cada vez mais aprimorado a fim de obterem maior controle sobre a sua prática.
Sendo os livros textos elaborados por agentes externos a pratica pedagógica este por sua vez não visa as necessidades específicas de uma determinada turma, mas pelo contrário obriga-os enquadrarem-se nesse planejamento exterior.
Portanto a política curricular que pretende atuar na perspectiva de libertação dos professores de modo a alcançar qualidade e renovar o ensino faz-se necessário investir na autonomia do professorado, além de atender as necessidades atuais do corpo docente.
Os materiais didáticos já elaborados podem ser um fator negativo, uma vez que o conhecimento é dinâmico ao contrário dos conteúdos dos livros, visto que tornam as atividades pouco flexível e inadequada para uma dada realidade, porém podem vir a contribuir à medida que o professor não resuma as informações oferecidas aos alunos meramente às contidas nos livros, mas partindo deste venha acrescentar ou até mesmo confrontar e fazer com que os alunos reflitam e analisem os conteúdos, uma vez que os conteúdos não devem ser os fins, mas os meios para atingir esses fins.